212 - Corrupção nas Galáxias


Autor: Keith Laumer
Título original: Envoy to New Worlds
1ª Edição: 1963
Publicado na Colecção Argonauta em 1975
Capa: Lima de Freitas
Tradução: Eurico da Fonseca 

Súmula - Foi apresentada no livro nº211 da Colecção, com a indicação de "Ler nas páginas seguintes a súmula do próximo volume da Colecção Argonauta":

... na caótica cena da era pós-Concordata, o CDT surgiu para manter a antiga tradição diplomática como uma grande organização supranacional dedicada a evitar a guerra. Como mediadores de disputas entre os mundos povoados pelos terrestres e advogados dos interesses terrestres em contacto com as culturas alienígenas, os diplomatas do Corpo, treinados nas chancelarias de inúmeras burocracias defuntas, demonstraram um conhecimento enciclopédico das variantes dos costumes extraterrestres, em face do labiríntico contexto sócio-político-económico galáctico. Nunca a virtuosidade de um alto diplomata do Corpo foi mais brilhantemente demonstrada que durante a negociação da difícil Questão Sireniana, dirigida pelo Embaixador Spradley... (Extracto da História Oficial do Corpo Diplomático, Vol. I, Bobina 2, Solarian Press. Nova Iorque, 479 A.E. (2490 DC).

Keith Laumer é um dos autores de ficção-científica (e de "ficção fantástica") mais engenhosos, mais admiráveis, e que melhor sabem movimentar a acção das suas obras, dando-lhes um dinamismo inconfundível. Recorde-se, como exemplo, Sangue da Terra, nº 160 da Colecção Argonauta e Mundo Alternante (volume nº 149 da mesma colecção).Uma das suas personagens mais célebres - protagonista de uma série quase infinda de aventuras por todo o Universo - é a de Jame Retief, "Vice-Cônsul e Terceiro Secretário do Corpo Diplomático do Império Terrestre", em pleno século XXX.
Retief não é apenas um diplomata à maneira clássica. Nem é tão-pouco aquilo que parece, no próprio Corpo Diplomático Terrestre. É o Grão-Mestre da intriga - mas de uma intriga cujo objectivo é sempre a defesa dos interesses da comunidade, humana ou não, contra as muitas ambições e os muitos ódios espalhados por milhares de mundos.
Retief é também um lutador indómito - e ardiloso como nenhum. Por isso - e ainda que os seus contemporâneos não o saibam - é ele que tem de lutar contra os Yill, amantes da guerra, assim como contra os escusos Jaqs, e os brigões Bogans. E ainda os Groacios, e os jogadores de Petreac. mas o maior inimigo de Retief é o próprio Homem. E a sua luta mais difícil, é a que ele tem de travar contra os seus próprios superiores, fracos e corruptos...

Magnan aproximou-se de Retief e disse-lhe num murmúrio:
- O tipo que vem à frente... não é aquele que entornou a bebida? Aquele de quem assumiste a culpa?
- É ele, sim. Já não parece nervoso, pelo que vejo.
- Salvaste-o de um castigo severo - disse Magnan. 
- Com certeza que ele se mostrará grato; deixar-nos-á passar...
- Será melhor ver o que fazem os tipos das facas, antes de pensarmos nisso.
- Diz-lhe qualquer coisa - sugeriu Magnan. - Recorda-lhe isso.
O homem da frente alcançou Retief e Magnan.
- Estes dois têm medo de vocês - disse ele, rindo-se e apontando para os homens das facas. - Não enfrentaram os Nenni como ele. Não conhecem vocês.
- E você conhece este cavalheiro? - perguntou Magnan. - Ele...
- Ele fez-me um favor - disse o homem. - Recordo-me disso.
- Que aconteceu? - perguntou Retief.
- É a revolução. Agora quem manda somos nós.
- Quais nós?
- A Liga Antifascista da Liberdade Popular.

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

O Yill descreveu um círculo sobre o pavimento, fazendo rodopiar o sabre. Depois, subitamente, caíu como uma torre sobre Retief. A pesada lâmina abateu-se com um choque semelhante ao de uma explosão, que despedaçou a mesa. Os olhos do Yill continuaram a fitar Retief quando ele puxou o seu banco e se deixou ficar imóvel, enquanto o enorme Yill, com a sua pele cinzenta, dominava por mais três centímetros o seu metro e noventa.
Num movimento demasiado rápido para ser visível, Retief estendeu a mão para o sabre, arrancou-o das mãos do Yill e levou-o a descrever um arco assobiante. O seu adversário esquivou-se, saltou para trás e agarrou noutro sabre, de cima de uma mesa. Retief carregou sobre o Yill, aparando golpes maldosos, ripostando incansavelmente.
Agora os dois estavam frente a frente, os pés unidos, as armas batendo-se furiosamente. O Yill deu um passo, depois outro e fez recuar Retief, mais e mais...

Introdução:

Qual o melhor sistema de governo, de administração ou gestão: o de cúpula ou o de base? A acção dos homens que tudo sabem (ou tudo julgam saber) e que pensam poder dirigir empresas, comunidades, nações, impérios, a partir do seu gabinete, ou a acção dos homens que vivem os problemas, que os conhecem de facto e que, quantas vezes, conhecem também a solução mais fácil e mais eficiente?
Eis uma questão extremamente actual - e a ficção científica, que sempre foi o melhor dos veículos para a análise política e sociológica, ocupando o lugar da fábula, na denúncia dos vícios e na exposição das tendências a longo prazo, não podia alhear-se dela. Com a sua ironia inimitável, Keith Laumer descreve, nesta obra, quanto se pode perder em ignorar as bases e como as grandes organizações podem ser ineficientes - mesmo no século XXX.

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